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A mostrar mensagens de setembro, 2008

Vende-se

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Quando a curiosidade perguntava a razão para tamanho despudor a resposta recaía sempre na loucura saudável dos residentes artísticos daquela casa na zona da Ribeira no Porto. Mas agora o anúncio de venda interpela aquele suicídio sensual e, de repente, transformou a varanda numa arrojada promoção de casa de alterne de luxo ou coisa do género. É muito provável que, apesar da crise, a Susana Ribeiro, vendedora da Remax, receba por estes dias algumas propostas...

O Canto da Cultura

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A hora do almoço já estava a invadir os territórios da tarde. O apetite ameaçava transformar-se em necessidade física. Em Fafe, os restaurantes ou estavam de férias, de folga ou escondidos. Servia qualquer um. Num primeiro andar esconso vislumbrou-se a salvação num mostruário de pessoas sentadas à mesa denunciando a casa de pasto: o Canto da Cultura, lia-se com dificuldade no toldo recolhido. À entrada da escadaria a confirmação em forma de escaparate publicitário de lousa indicava o caminho. O medo da congestão provável foi mais forte que a fome...

Aquele querido mês de Agosto

Há muito tempo que não ia ao cinema sozinho. A chuva do fim de tarde alertava para a partida do verão, memória a que o título aludia, mas também avisava para a enchente do centro comercial Arrábida, onde a película ainda estava em exibição: “Aquele querido mês de Agosto”, do realizador português Miguel Gomes. Na sala estavam cinco pessoas. Mau presságio para um filme que me tinham recomendado como uma curiosidade cinematográfica. Se tivesse percebido que o filme durava 150 minutos, (duas horas e meia!!!) provavelmente teria desistido. Mesmo sabendo que, em termos de gosto, um filme é como um livro ou como um vinho, cada um aprecia à sua maneira, devo dizer que fiquei saciado. Há muito tempo que não me divertia tanto com a mistura complexa da simplicidade genuína que é o Portugal interior, captado na mais apurada essência, por uma equipa de realização que transpôs para a tela a sua própria dificuldade em levar o guião por diante. Até agora não sei se foi propositado ou não. O filme é, n

Combustíveis

O anódino ministro da economia, Manuel Pinho, expressando-se na SIC Notícias sobre o facto dos preços dos combustíveis não acompanharem a descida do preço do petróleo nos mercados internacionais, tal como acompanharam a subida, garantiu aos cidadãos e contribuintes em geral e aos condutores em particular: - Vão descer. - Vai tu! Responderam em uníssono os preços do gasóleo e da gasolina...

Montanha russa

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A montanha russa é uma das melhores metáforas da vida. O clímax coincide com o momento em que estamos virados do avesso. A viagem dura pouco e, no final, dá vontade de comprar outro bilhete. A diferença é que, na vida, cada um vai alterando a configuração dos altos e baixos.

Vrummmmmmm

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Às primeiras passagens, na improvisada pista entre pontes, em ziguezagues trovejantes, rentes ao Rio Douro, a impressão que causam os besouros gigantes com fogo no rabo, chega a ser magnética. Às segundas passagens, causa assombro o malabarismo aéreo dos pilotos, desenhando figuras na tela azul do céu depois de quase pincelarem as asas dos aparelhos nas águas indiferentes. Às terceiras passagens estranha-se o mar de gente que desagua nas margens do rio - 650 mil pessoas, este ano - para ver uma dúzia de aviões a copiar manobras, roncando por uns centésimos de segundos. Às quartas passagens já se sente o peso dos intervalos em que o silêncio se torna quase insuportável e do céu não descem mais do que raios de sol. Às quintas passagens vocifera-se com os infelizes que tiveram a ideia de cortar o trânsito em meia cidade do Porto por causa da Red Bull Air Race ou o raio que os parta... Às sextas... Vamos embora! Porra! Isto é sempre igual...

Nem oito nem oitenta

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Somos um país de oito ou oitenta. E pior que isso: passámos de um estado ao outro enquanto o diabo esfrega um olho. Para reforçar esta constatação, provavelmente preconceituosa, recorro a mais um recente exemplo: os Jogos Olímpicos de Pequim. Com um orçamento de 14 milhões de euros, Portugal levou à China 77 atletas e objectivos de alcançar 4 /5 medalhas e 60 pontos. Conseguiu duas e alcançou 28 pontos. A meio dos jogos, quando ainda não tinha conquistado medalha nenhuma, o Presidente do Comité Olímpico, Vicente de Moura, anunciou que não se candidataria a mais nenhum mandato, como forma de protesto contra a desmotivante participação lusa. Entretanto, Vanessa Fernandes conquistou a prata no triatlo e três dias depois Nelson Évora voou 17,67m, no triplo salto, descobrindo o ouro. Da enorme desilusão passou-se, de imediato, à euforia. Vicente de Moura, num despudorado golpe de rins, recua na intenção de se afastar do COI e começa logo a pedir ao governo reforço financeiro para a próxima