Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2008

Descalço…sim, mas na praia!

Regresso de novo ao sr. Santos. O ouvinte do programa de rádio tem uma memória e uma experiência de vida que fazem lembrar aqueles baús à guarda de velhos sótãos. Resistentes, fascinantes, sedutoras e recheadas de histórias que serve com deleite, extasiado e irónico. Falava-se de Educação no país mas o sr. Santos encontra sempre espaço para dar a volta à marcha da conversa. Logo na primeira curva da sua intervenção telefónica falou do caso BPN. O antigo administrador do banco, Oliveira e Costa, estava a prestar declarações no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa sobre as alegadas burlas, fraudes e branqueamentos de capital, que terá dado origem à derrocada da instituição bancária, quando o sr. Santos resolveu oferecer ao auditório mais um achado do tal baú. - Conheci esse senhor ( José Oliveira e Costa) em tempos numa assembleia-geral. Nessa ocasião, para tentar sensibilizar a plateia, o homem utilizou a seguinte expressão: “Eu não me envergonho de dizer que cheguei a andar descal

A primeira vez de Lisa Ekdahl em Portugal

Imagem
Se eu tivesse muito dinheiro contrataria a sueca Lisa Ekdahl para me adormecer nas noites mais difíceis. Não adormecia, que aquela voz que lhe sai da alma possui-nos inteiros, mas aproveitava o tempo. Como não tenho posses para tamanha extravagância vi-me na contingência de aceitar uma oferta do último bilhete, na última fila da grande sala Suggia da Casa da Música, no Porto. À minha frente mais de mil silhuetas separavam-me da campesina que entrou em palco, vestido às florinhas, chapéu de donzela, botas de jardim elegante. Disse “obrigada” e agradeceu ao público a comparência em massa na primeira vez que vem a Portugal. E cantou. Os temas do costume e alguns originais a incluir no próximo álbum. Dedicou um desses temas, “One Life”, ao novo presidente dos Estados Unidos. E cantou com aquela voz que se entranha como uma obsessão. Na descoberta do seu próprio caminho, à medida que acumula versões dos temas clássicos do jazz, vai despindo a banda de sonoridades típicas do jazz. Da bateria

Fugiu-lhe a boca para a verdade!

Imagem
Cito o texto da Agência Lusa para tecer este comentário. «A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, perguntou hoje se "não é bom haver seis meses sem democracia" para "pôr tudo na ordem", a propósito da reforma do sistema de justiça.» Para alguém que, na política, descobriu o silêncio como suporte de comportamento, para realçar as intervenções de fundo que entende fazer este é um deslize fatal. O sábio povo costuma dizer perante tais ocorrências: “fugiu-lhe a boca para a verdade!” Ao mesmo povo é consentida a ideia indignada de que na ditadura havia mais segurança e que o país está a precisar de um novo Salazar. É até admissível pensar que a líder da oposição, sendo de direita, apreciará a imposição das reformas mesmo contra a vontade das classes profissionais e dos interesses específicos. Só não se compreende como foi possível Manuela Ferreira Leite ter desabafado tais tendências numa daquelas raras ocasiões em que a presidente do PSD decide falar para o país. É

Rir uns dos outros

Imagem
Há uma estranha relação entre as pequenas figuras asiáticas e as pessoas que deambulam por entre a instalação de esculturas na grande sala do Museu de Serralves. Inquietam de uma forma humana. Interpelam e parecem estar vivas. Fica a sensação de que quando se desvia o olhar elas se movem dissimuladamente. Dá vontade de ficar por ali a ouvir as conversas, aceitando o convite implícito nos sorrisos dinâmicos e nas poses amigáveis. A retrospectiva que Serralves consagrou ao artista espanhol Juan Muñoz é digna de visita prolongada. A interacção é real. Juan Muñoz morreu aos 48 anos, inesperadamente de uma hemorragia no estômago, a 28 de Agosto de 2001. Ao Porto deixou uma obra que pode ser vista no Jardim da Cordoaria – Treze a rir uns dos outros -, no âmbito da Porto 2001.

Porque não te calas, Sócrates?!!!

Imagem
Razão parece ter a oposição que vem avisando para os excessos de marketing político de que padece o governo liderado por José Sócrates. Desde vendedor de ilusões a propagandista, passando até por mentiroso, os partidos à esquerda e à direita do PS já por diversas vezes mimosearam o primeiro-ministro por causa do que consideram ser a exorbitante capacidade de anunciar actos e intenções do seu executivo. É certo que as alcunhas de vendedor de banha da cobra acabam sempre por assentar em quem está no poder, toma decisões ou promete tomar. Mas raramente o próprio as aceita como elogios à acção governativa. Ora, José Sócrates quebrou essa tradição. Embora refutando os créditos de bom publicitário a nível interno, o chefe do governo encetou uma carreira comercial internacional que o pode levar a ser convidado por uma das grandes multinacionais quando sair do governo, não tendo que aceitar um cargo na administração de alguma das maiores empresas caseiras, depósito inevitável para antigos gove