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A mostrar mensagens de agosto, 2010

Amor arrependido

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A... não sei se te deva dizer isto. É tão nova para mim, esta sensação que me impele a escrever o que sinto no beco em que te beijei pela primeira vez. AM... e se tu te rires de mim quando vires este sarrabisco e gozares com os meus sentimentos? AMU... estou a fazer asneira Kate, eu sei, tu não vais achar piada nenhuma a esta séria brincadeira. AMU-T... pronto agora já sabes que fui eu o autor da escrita, já é tarde, pronto... e se eu inventar outra palavra? AMU-TE... mas é assim que me sinto quando penso em ti. Ri-te de mim à vontade, ficas a saber pelos meus dedos que os meus lábios não sabem rascunhar esse verbo. Que vai acontecer quando te voltar a encontrar? O que vais fazer Kate? Não, desculpa, desculpa, é melhor apagar isto... que vergonha! O que sinto por ti nem às paredes confesso. Esquece. Beco em Beja

Maldito Camões...

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Aprendi, neste Liceu Diogo Gouveia, em Beja, que o amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer. Maldito Luís Vaz de Camões que tantas pestanas me fez queimar para decorar os sonetos que a professora de português gostava de ouvir declamados com emoção. Sabia a definição camoniana do amor de cor e salteada e era, dos rapazes da turma, o que melhor representava, com um esbracejo largo e um olhar semicerrado. Maldito Camões... de tanto brincar às palavras acabei naufragado no mar esverdeado dos olhos da professora. Agora conheço o sentimento que o poeta traduziu para o mundo. Agora sei que ele sofria do mesmo fogo que me corrói e me alimenta. Maldito, que me incrustaste o poema no peito... E eu não tenho jeito para escrever. Por isso, Ana, mede o ardor do meu coração pelo tamanho das letras que pinto neste mesmo Liceu onde o Camões me tramou. Liceu Diogo Gouveia, Beja

Amor eterno

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O poeta diz que o amor é eterno enquanto dura. Mas há amores que duram para sempre. São eternos mesmo quando acabam. É deste tipo de amor que te quero dar conta. Podem deitar estes centenários muros abaixo que a verdade da mensagem vai brotar por entre as pedras da calçada. Vou amar-te para sempre. Ainda que o teu amor por mim sofra da falta de água que faz morrer as flores; Ainda que desvies os canais que irrigam o meu coração; Ainda que me vires as costas; Ainda que digas que não me queres amar; Ainda que ames outro. O meu amor por ti é eterno. Dura enquanto eu durar. Arca d'Água, Porto

Terra queimada

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É um cenário triste. Uma terra negra de carvão e cinzas dá chão a estacas esturricadas do que até há pouco tempo foram árvores do Parque Nacional Peneda Gerês. No terreno, centenas de homens artilhados para uma guerra contra o fogo não lavam na água das mangueiras o desânimo da derrota nos rostos enfarruscados. As cores das labaredas desafiam a intensidade do sol e chegam a emprestar à paisagem, a curto prazo, imagens de uma beleza assustadora. É uma guerra com longas batalhas em que o derrotado é sempre o mesmo.