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A mostrar mensagens de outubro, 2010

Tocador de Tuba

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Esta fotografia faz-me sempre ouvir a música Fon Fon Fon dos Deolinda. Um grupo que reinventa de forma admirável o conceito de música portuguesa. Uma banda sonora para colorir os dias cinzentos. Fon Fon Fon Deolinda Composição: Pedro da Silva Martins Olha a banda filarmónica, a tocar na minha rua. Vai na banda o meu amor a soprar a sua tuba. Ele já tocou trombone, clarinete e ferrinhos, só lhe falta o meu nome suspirado aos meus ouvidos. Toda a gente - fon-fon-fon-fon - só desdizem o que eu digo: "...Que a tuba - fon-fon-fon-fon - tem tão pouco romantismo..." Mas ele toca - fon-fon-fon-fon - e o meu coração rendido só responde - fon-fon-fon-fon - com ternura e carinho. Os meus pais já me disseram: “Ó Filha, não sejas louca! Que as Variações de Goldberg p'lo Glenn Gould é que são boas!” Mas a música erudita não faz grande efeito em mim: do CCB, gosto da vista; da Gulbenkian, o jardim. Toda a gente -fon-fon-fon-fon. só desdizem o que eu digo: "... Que a tuba -fon-fon-

A pomba suicida

É a persistência daquele som abafado, que não dá tréguas aos meus pensamentos, que me compele a escrever este texto. Para mim foi suicídio. Mesmo à minha frente, nos semáforos do jardim de Arca d'àgua, no Porto, uma pomba ferida esperava que o sinal ficasse verde, indiferente aos peões. Parecia ter as mãos nos bolsos, com as asas feridas encostadas ao corpo, o que lhe dava um ar de uma dignidade humana. Os carros encostaram os pneus da frente à linha da passadeira e a pomba iniciou a travessia. Calma, determinada, cabeça erguida, sem uma ponta de receio, percorreu os traços paralelos pintados na estrada até escolher um ponto fatal no percurso obrigatório da roda direita do carro que estava ao lado do meu. Ficou à espera do vermelho. Paralizado pela consciência da desgraça iminente e fascinado pelo gesto tão obstinado não reagi a tempo de pregar o susto que poderia salvar-lhe a vida. O som. O som da morte. O som indigno do esmagamento inevitável escolheu o meu cérebro para viver dur

De Sevilha com amor...

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Através do Facebook, a propósito da etiqueta "Amor Vadio", que me tem entretido nos últimos tempos, uma seguidora(Maria Calle Vellés) do BLOGUÍCIA sugere a leitura de um artigo do jornal Diário de Sevilha. Fica a sugestão. Afinal, o amor é um inventor de símbolos. Los candados del amor vuelven a Triana Unos 400 cerrojos cuelgan del puente y el Consistorio ha retirado 2.000 en un año El Ayuntamiento de Sevilla no tiene nada que hacer contra los más románticos. Los juramentos de amor eterno que venían haciendo parejas sevillanas y extranjeras han vuelto con más fuerza que nunca este otoño al puente de Triana, a pesar de las retiradas que han sufrido estos símbolos de afecto en el último año por parte del Consistorio. Según el recuento que llevó a cabo ayer este periódico, hay alrededor de 400 candados enganchados nuevamente a las barandas de este monumento que fue declarado Bien de Interés Cultural (BIC) en 1976.

Coração em obras

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Tenho o coração em obras. O meu peito é um estaleiro por onde circulam incessantes estruturas e materiais de construção. Abro caboucos, reforço as fundações, coloco pilares de betão armado para reparar as fissuras das paredes da máquina central onde se produz o amor. É uma obra ciclópica que dura há demasiado tempo. A máquina não pode parar. Resfolega, exala desperdícios pútridos, uiva, estremece, mas funciona. A ti o devo. És o combustível vital que alimenta esta empresa do sentimento. Se me cortares o fornecimento eu vou à falência. Para mim és tudo. Castelo Branco