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A mostrar mensagens de julho, 2011

Tea for 3

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Quando, por volta das seis e meia uma voz pediu desculpa pelo atraso, de 30 minutos, do concerto de Dave Douglas no campo de ténis de Serralves, incluído na 20ª edição de Jazz no Parque, e explicou que tinha ocorrido um percalço, preparei-me imediatamente para ouvir a notícia do cancelamento. Era bom demais, foi o que pensei, porque a organização prometia, no mesmo concerto, Dave Douglas, Uri Cane e o lendário Enrico Rava. Afinal, ao susto sucedeu-se o anúncio do início do espectáculo dos "Tea for 3". E lá estavam todos. Seis músicos da primeira linha do jazz: Dave Douglas, Avishai Cohen e Enrico Rava, de trompetes debaixo do braço; Uri Cane com ar de deslocado, a deslizar para o banco em frente ao piano; Clarence Penn, com as baquetas da bateria em riste; e Linda Oh, uma linda australiana, nascida na Malásia, que havia de deixar o público delirante com a arte de tocar contrabaixo. De uma vez, tinha a uns metros de distância alguns dos nomes que aparecem em muitas das capas d

À deriva...

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Assomam nuvens negras ao azul do mar profundamente traiçoeiro. Anuncia-se há tempo demais a tempestade como uma inevitabilidade trágica. O naufrágio é o sortilégio. Inocente, na palma da água, a fragilidade navega desfraldada, sem porto de abrigo no horizonte. A coragem é virtual: assenta só no acaso, na necessidade, no desconhecimento e na inconsciência. Não há escolha nem objectivo. Há apenas vontade de ficar à tona, com planos de navegação à vista para chegar o mais longe possível. Sem pontos de referência, os círculos são rotas prováveis. Retardar a morte é também uma forma de vida.

Rua do Barredo

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Quanta vida se esconde numa das ruas mais escondidas do Porto! Que fascínio tem esta cidade que desencanta os superficiais e se oferece aos aventureiros. O Porto é um baú entreaberto. Há os que espreitam lá para dentro e nada vêem; há os que abrem a tampa e voltam a fechar enjoados com o pó e o cheiro a mofo; há os que entram no baú... A rua é do Barredo. Chega-se lá decifrando um labirinto de esquinas de casas, por penumbras e escadas a partir do Cubo da Ribeira. E de repente, ali está um pedaço de alma da cidade velha. Um rapaz tenta vencer o jogo à bola com a própria sombra. Um gato pincela de negro-preguiça o cenário em brasa. A rua abençoada pelo Senhor da Boa Fortuna nem repara sequer que o santo escapuliu do nicho. Deve ter ido refrescar-se no rio ali tão perto...