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Amo-te puta...

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A Liberdade conduzindo o povo, Eugène Delacroix, 1830 Conheci a Liberdade era eu um miúdo e ela uma jovem inocente e frágil. Acabava de ser autorizada a sair à rua depois de 48 anos de cativeiro. Esteve prisioneira da velha senhora e ninguém a viu durante esse tempo de ditadura. Foi a revolução de Abril quem lhe desembaraçou a mordaça, cortou os grilhões e a ofereceu, virgem, ao povo. Ingénua, ansiosa, vestida de coragem, a menina-mulher Liberdade logo encaixou um cravo revolucionário no talvegue dos seios e saiu à rua, guiada pelos ventos da mudança que esvoaçavam os cabelos compridos. À primeira aparição do anjo libertador apaixonei-me. Vi-a como possível mãe da democracia prematura e, num assomo de emoção, propus-lhe namoro e casamento. A Liberdade logo disse que sim, camuflando o compromisso da fidelidade na promessa de vivermos, daí em diante, felizes para sempre. Pobre de mim! A suprema excitação da Liberdade levou-a a aceitar todos os convites. Desforrou-s