Olhos nos olhos



O olhar dos angolanos é como a alma dos puros. Deixa ver para dentro. E há nele uma fé angustiada no futuro. Uma força magnética que atrai e repele. Uma energia incómoda com aparência de acusação. Um medo cósmico que sustenta a vida. Uma calma tensa que aguenta quase tudo.
Angola está a meio caminho. Entre a implosão e a explosão. Entre a guerra e a democracia. Entre a riqueza de uns poucos e a indigência do resto. Entre o ser e o querer. O olhar dos angolanos é a melhor definição do país. Há nele a esperança e pânico.
Angola não existe. É como a alma dos puros.

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