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A mostrar mensagens de janeiro, 2008

LIVRARIA LELLO- A bela

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Tem 90 anos, mas está muito bem conservada. É atraente, confortável, misteriosa, erudita, inteligente e voluptuosa. Veste-se de luz e cor; ornamenta-se de palavras, textos, poemas, imagens, quadros; cultiva leituras, conversas, silêncios e êxtases. Tem um corpo de mulher lúbrica, com roupa interior de um escarlate em espiral, debruado a madeira antiga. Gosta de ser observada, tocada e sentida. Nada de pressas. É do Porto com sotaque, mas fala a maior parte das línguas dos clientes estrangeiros. Vaidosa, ciente da sua beleza, gostou de ver-se ao espelho do jornal inglês The Guardian que a classificou como a terceira mais bela do mundo. Convencida, considerou que merecia ser a única, já que durante toda a vida mais não fez do que dar prazer. Prazer da leitura.
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Procuro-te à noite no mar de referências que flutuam na escuridão, mas não estás lá. Nem sequer o teu nome aparece a sinalizar uma passagem ou uma presença. Procuro-te à noite na escuridão das cores berrantes da alegria, da paixão, da felicidade e da memória, mas as cores são outras. Ainda me esforço por encontrar-te nas formas voluptuosas dos reflexos, mas a nitidez não permite o engano. São apenas ilusões. Viagens imaginárias. São apenas barcos amarrados no porto na quietude. São bonança. Talvez marasmo. Segurança de um porto sem saída. E eu perdido na profundeza da noite…

LAND AFRICA

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A cena fez-me lembrar o filme África Minha que Sydney Pollack realizou em 1985. Até pelo nome do ultraleve: Land Africa . É verdade que o piloto não tinha nenhum traço físico a lembrar Robert Redford, que no filme fazia o papel de um misterioso caçador, Denys Finch Hatton, que armadilhou o coração da baronesa dinamarquesa Karen von Blixen-Finecke, representada por Meryl Streep, uma mulher corajosa que dirige uma plantação de café no Quénia. O cenário natural também era muito diferente: a praia de Muranzel na Torreira, Murtosa. Todavia, talvez armado em Robert Redford, o piloto do ultraleve começou a fazer voos cada vez mais rasantes às ondas desmaiadas na areia. As poucas pessoas que aproveitavam o fim de tarde de Setembro inquietaram-se. Alguém deu voz aos pensamentos: “Vai cair!” Quando a pequena máquina voadora deslizou e se imobilizou na pista de areia molhada todos correram para acudir a alguma necessidade. Com alguma dificuldade o aventureiro saiu da cabine, mas a cara de satisf

Chamem a polícia

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O homem entrou no bar-restaurante por volta das dez da noite de sexta-feira. Sentou-se ao balcão e, enquanto escolhia a refeição por entre a abundância do cardápio que o empregado lhe entregou, pediu uma garrafa de água fresca. Exibia no rosto um sorriso de quem estava bem na vida. O bar-restaurante compunha-se de uma clientela ruidosa. Escolheu marisco, depois um bife suculento, regado com o vinho de uma garrafa de preço elevado e encetou com deleite indisfarçado um jantar em que parecia estar a comemorar alguma coisa. Nos lugares contíguos não havia ninguém. Do lado direito, a dois bancos de distância, um casal dava a impressão de dirimir questiúnculas familiares. Não era costume frequentar aquele local na zona histórica da cidade, mas o aspecto exterior agradável foi determinante para decidir entrar. Estava longe de imaginar que o segurança que lhe franqueou a porta tinha à cintura, escondida pelo casaco, uma arma de calibre proibido. Era um dos elementos de um grupo organizado da n

As mil e uma visitas...

Na passagem do ano o Bloguícia passou a barreira das mil visitas. Nos objectivos iniciais não estava incluída a conquista de audiências, mas é confortante saber que alguém vê, lê ou visita. Agradeço a todos quantos passaram por aqui, independentemente das intenções. Voltem sempre!