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A mostrar mensagens de março, 2008

Ovos de Páscoa

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Um dia, numa capoeira, estavam duas galinhas chamadas Pascoínha e Pascoela. A certa altura, o dono das duas galinhas trouxe um sacalhão de açucar para a dieta delas. Quando elas se aproximaram para comer a Pascoínha e a Pascoela cairam dentro do saco. Depois, mais tarde quando o dono as tirou daquela porcaria as duas disseram: -Blarck! mas que porcaria; estamos todas brancas! - E a Pascoínha perguntou: -Engoli imenso açúcar e tu? -Eu também, temos de cacarejar ao nosso dono para nos dar outra dieta! - Disse a Pascoela. Então lá foram elas dizer (cacarejar) ao dono a historieta da dieta. O homem demorou muito, muito tempo a perceber o que elas lhe estavam a tentar comunicar mas lá conseguiu e concordou. No dia seguinte o homem trouxe-lhes como nova dieta chocolate e elas tornaram a cair e tornaram a dizer: -Que nojo, desta vez estamos todas castanhas e pegajosas! E a Pascoínha disse de novo: - Engoli metade do chocolate e tu? - Também eu! - disse a Pascoela! E assim nasceram os ovos de
A segunda guerra do Iraque começou há cinco anos. Para a História o 1 de Maio de 2003 ficou como o dia em que a guerra terminou, mas a verdade é que ela continua até hoje. Calcula-se que tenham morrido 160 mil pessoas. O alastramento da invasão norte-americana à frente norte, no Iraque, deve ter coincidido com a decisão de nos proporem a ida para a Turquia a fim de tentarmos entrar por aí para fazermos a cobertura jornalística da guerra. Estivémos na Turquia de 01 de Abril a 13 de Abril de 2003. Com o repórter de câmara Ricardo Ferreira, coadjuvados pelo guia curdo, tentámos de todos os modos chegar-nos o mais próximo possível dos locais onde havia operações militares. Numa primeira fase, a guerra (os militares turcos preocupados com o envolvimento dos curdos) não nos deixou entrar; na segunda, foi a direcção de informação da nossa estação televisiva que nos impediu de iludir as guardas de fronteira, num fundo falso de um camião que chegaria ao Norte do Iraque, atravessando por territó
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Foi preciso vir para a Turquia para começar a escrever no blog, criado há já um ano. Estou em Silopi, uma cidade no sudeste turco, mesmo à entrada do Norte do Iraque. Daqui já se vêem montanhas curdas. A Síria fica ali ao lado... O Irão um pouco mais à frente. Cheguei há uma semana e todas as tentativas de passar a fronteira foram goradas. Já centenas de jornalistas, de vários países, tentaram o mesmo, da mesma maneira e tiveram o mesmo resultado. Os que tentaram de outra forma foram detidos e expulsos da Turquia. Há aqui jornalistas a desesperar há um mês. Uma boa parte desistiu de Silopi e foi tentar para outro lado. Para além dos comboios de camiões de ajuda alimentar e reabastecimento que conseguem abrir caminho por entre a barreira militar turca pouco mais vejo desta guerra. Ou melhor, vejo o que todo o mundo vê. Na cidade de Silopi foi montado um pequeno centro de imprensa. Há três computadores ligados à internet e uma enorme televisão que debita emissões de mais de 200 canais de
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As estradas do Sudeste da Turquia estão sob um rigoroso controle militar . À medida que a fronteira de Habur se aproxima os "checkpoints" vão-se tornando mais frequentes. A maioria dos veículos passa, tendo apenas que abrandar. O nosso jipe é obrigado a parar. Sempre. A conversa com os militares só é possível através do guia curdo que fala turco e inglês. Recentemente, durante o longo tempo que leva a verificação dos documentos, soubemos finalmente a razão da nossa paragem obrigatória. O oficial explicou que os jornalistas estão proibidos de circular em determinadas zonas e não podem chegar perto da fronteira. Quem for apanhado a transgredir vai para uma lista negra e pode ser expulso. Mostrou-nos a lista. O nome de dois jornalistas portugueses estavam lá... Alfredo Leite do JN e José Manuel Rosendo da RDP. Senti orgulho.
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A guerra chegou ao princípio do fim mas a Turquia mantém a fronteira fechada aos jornalistas. Nada faço aqui e vou regressar a Portugal. No último dia em Silopi arrisquei uma visita a algumas das muitas aldeias vazias da montanha de Judi. A luta entre os militares turcos e os guerrilheiros do PKK levou Ancara a mandar evacuar as aldeias curdas encostadas à montanha... São dezenas e dezenas de lugares destruídos, com marcas de guerrilha nas paredes esburacadas, ainda de pé, e restos de conservas das rações militares turcas a enferrujarem pelo chão. A dado momento, numa dessas aldeias, o jovem guia curdo não conseguiu evitar a emoção: "Nem acredito que estou aqui... As coisas que eu ouvi contar sobre o que aqui aconteceu... Agora a guerra acabou. Oxalá não signifique para nós o início do sofrimento."

Que rica prenda!

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Esta crónica foi escrita 45 anos depois do meu nascimento. Às 21 e 45 minutos do dia 17 de Março de 1963 eu espreitei pela primeira vez este mundo e aceitei ficar por aqui a viver. Era domingo. Não me lembro rigorosamente de nada, mas confio no relato da testemunha principal desta ocorrência. Os meus pais estavam a passar o fim-de-semana em casa da minha avó materna, no Porto, ao fundo da rua de S. Vítor (nome de santo que eu acabaria por herdar), num local que a ponte de S. João se encarregou de destruir. Por essa altura o meu pai trabalhava nos caminhos-de-ferro, em Gouveia, na Beira-Alta, mas o fim do tempo de gravidez aconselhava proximidade da maternidade onde decidiram que eu seria dado à luz. As dores de parto anunciaram o nascimento durante toda a tarde desse domingo ensolarado de fim de inverno. Ao início da noite o meu pai chamou um táxi. Às 21 horas a cápsula materna transportada pela minha mãe chegou à maternidade de Júlio Dinis, no Porto. 45 minutos depois eu prescindi do

Príncipes das Astúrias

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Durante dois dias o Presidente da República Portuguesa visitou Leon onde foi distinguido com um doutoramento Honoris Causa. O ponto alto da visita foi o encontro com os Príncipes das Astúrias, Felipe e Letizia. Cavaco Silva e família não esconderam uma real vaidade por tão ilustre companhia. À saída do restaurante, em Leon, onde almoçaram todos, rodeados por uma rua cheia de seguranças e polícias, o povo foi-se aglomerando para ver de perto suas altezas reais. Para desespero dos guarda-costas os príncipes consentiram que o povo, alguns felizardos, tocasse na roupa e na pele que dá guarida ao sangue azul que lhes corre nas veias. Noutros tempos os súbditos teriam ajoelhado e beijado respeitosamente a mão das realezas. Agora tratam-nos como figuras de revistas cor-de-rosa que são: - Felipe, Felipe me da um beso… - Berrava uma matrona de telemóvel em punho. - Letizia, hola guapa… - “Piropeava” um jovem cabeludo de brinco na orelha e acne semeado na cara. Uma coisa é certa: os príncipes
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A Casa Botines de Gaudi em Leon (09.10.11 de Fevereiro de 2008)

A urgência da Anadia

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O povo de Anadia decidiu fazer uma maratona de protestos por causa do encerramento dos serviços de urgência do hospital local. Já contam dezoito manifestações. Para aí na décima quarta pediram a demissão do ministro Correia de Campos e o primeiro-ministro parece ter-lhes feito a vontade. E o que o povo queria mesmo era a reabertura da urgência… A concentração nº 18 aconteceu no passado domingo à tarde. Apareceram os do costume com os cartazes do costume escritos à pressa e à mão com alguns erros de português a pedirem palmatória (cuidado com o encerramento das escolas…). Durante duas horas algumas centenas de pessoas percorreram a pé uns cinco quilómetros da cidade num cortejo de críticas e um coro de cânticos de luta e esperança. O número de protestantes parece estar a diminuir. José Paixão, do movimento Unidos pela Saúde, não aceita que é o entusiasmo que se está a esvair. - Temos a concorrência de um funeral e o jogo de futebol do Anadia - Oliveira do Bairro. Só por isso é que a pra