Para bem ou para mal, o Museu do Louvre está transformado em centro comercial de arte. Paga-se nove euros de entrada e pode deambular-se pelas infindáveis salas, de obra-de-arte em obra-de-arte, como borboleta em campos de girassóis. Impressiona o espólio do Museu e impressiona o mar de gente que, todos os dias, invade o Louvre de máquina fotográfica ou telemóvel em punho. A maior parte só lá vai para poder dizer que lá esteve e que viu a Mona Lisa de Leonardo da Vinci e a Vénus de Milo.
O mais curioso é a adopção de estratégias de centro comerciais corriqueiras. Dando vazão à ânsia dos turistas, a administração do Louvre mandou colocar pelas esquinas dos corredores e escadarias umas fotocópias a preto e branco, com uma setas destacadas, a indicar a localização das duas obras mais famosas do mundo.
E quando se chega à enorme sala onde está aprisionada a ambígua Gioconda é chocante o espectáculo da multidão pressurosa e impaciente, procurando a maior proximidade do quadro, como se fosse uma celebridade famosa ou uma figura da moda. Poucos vêem a pintura de Leonardo da Vinci tão preocupados que estão a fotografar, filmar, e a mandar mensagens para os amigos como o brasileiro estacionado ao meu lado: “Tou vendo a Gioconda, cara. É isto o quadro mais famoso do mundo? Puta qui pariu…”

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