Maldito Camões...
Maldito Luís Vaz de Camões que tantas pestanas me fez queimar para decorar os sonetos que a professora de português gostava de ouvir declamados com emoção.
Sabia a definição camoniana do amor de cor e salteada e era, dos rapazes da turma, o que melhor representava, com um esbracejo largo e um olhar semicerrado.
Maldito Camões... de tanto brincar às palavras acabei naufragado no mar esverdeado dos olhos da professora. Agora conheço o sentimento que o poeta traduziu para o mundo. Agora sei que ele sofria do mesmo fogo que me corrói e me alimenta.
Maldito, que me incrustaste o poema no peito... E eu não tenho jeito para escrever. Por isso, Ana, mede o ardor do meu coração pelo tamanho das letras que pinto neste mesmo Liceu onde o
Camões me tramou.
Liceu Diogo Gouveia, Beja
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