Coração em obras

Tenho o coração em obras. O meu peito é um estaleiro por onde circulam incessantes estruturas e materiais de construção. Abro caboucos, reforço as fundações, coloco pilares de betão armado para reparar as fissuras das paredes da máquina central onde se produz o amor.
É uma obra ciclópica que dura há demasiado tempo. A máquina não pode parar. Resfolega, exala desperdícios pútridos, uiva, estremece, mas funciona.
A ti o devo. És o combustível vital que alimenta esta empresa do sentimento.
Se me cortares o fornecimento eu vou à falência. Para mim és tudo.

Castelo Branco

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