Tea for 3



E lá estavam todos. Seis músicos da primeira linha do jazz: Dave Douglas, Avishai Cohen e Enrico Rava, de trompetes debaixo do braço; Uri Cane com ar de deslocado, a deslizar para o banco em frente ao piano; Clarence Penn, com as baquetas da bateria em riste; e Linda Oh, uma linda australiana, nascida na Malásia, que havia de deixar o público delirante com a arte de tocar contrabaixo. De uma vez, tinha a uns metros de distância alguns dos nomes que aparecem em muitas das capas dos meus cd's de Jazz.
O chefe da orquestra foi Dave Douglas, trompetista norte-americano, que em pouco tempo, transformou as minhas reticências em pontos de exclamação. A tal voz que chegou a assustar-me, no início, havia explicado que o voo que trouxera os músicos do concerto da noite anterior tinha-se atrasado e eles precisaram de recuperar o fôlego. É verdade que se notava o cansaço físico, sobretudo nas curvas que os 72 anos de idade faziam nas costas de Enrico Rava e, mais evidentemente, nas rugas expressivas dos cantos dos olhos e da boca do italiano. Mas o som só ganhou com essa fadiga que também pertence ao jazz e transforma os temas em obras únicas e especiais. E ganhou a dinâmica de um grupo que se reverenciava e sabia ouvir. Ouviam-se com um prazer iniciático.
O tema do concerto foi uma espécie de "around the tea for two", com muito humor, amor, criatividade, classe e improviso à mistura. A música brotava do parque como algo natural, escorrendo das árvores mais distintas do jazz mundial. Um concerto inesquecível.
O tema do concerto foi uma espécie de "around the tea for two", com muito humor, amor, criatividade, classe e improviso à mistura. A música brotava do parque como algo natural, escorrendo das árvores mais distintas do jazz mundial. Um concerto inesquecível.

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