O dia nasceu no Cabo do Mundo

Desta vez foi ele que se antecipou no cumprimento. Apanhou-me a sair da cama da noite e despejou-me em cima a jovialidade crepuscular da madrugada. Quem lhe via a cara não podia dizer, com certeza, que estava de bom humor ou carrancudo. Era um daqueles amanheceres ambíguos que precisava de tempo para se definir. Apesar das rugas nebulosas, o mar, indiferente, ronronava ensonado. O sol esburacava cuidadosamente o horizonte com raios de um amarelo esmaecido. No Cabo do Mundo a refinaria montou pilares para que a laje de nuvens não abafasse o nascituro.
- Bom dia - sussurrei. Está na hora...
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