A febre da selecção nacional de futebol voltou a afectar o país. O vírus é o mesmo de há seis anos a esta parte: Luiz Felipe Scolari. Sofreu umas mutações mas, por mim, já tinha sido erradicado. Não gosto do brasileiro que escolhe e treina os melhores futebolistas portugueses. Durante dois anos preparou a equipa para o Euro 2004, insistindo numa equipa que não tinha em conta o F.C. do Porto de José Mourinho que tudo ganhou. Depois da derrota inaugural com a Grécia, ressabiado, acabou por dar ouvidos a todos os treinadores do país e colocou a equipa de Mourinho a jogar: ia ganhando o campeonato da Europa. E com a mesma base aguentou-se razoavelmente no Mundial de 2006.
Considero, de forma simplística, que o Felipão é um bom chefe de família, mas um mau treinador. Só assim se entende que leve para o seio do grupo não os melhores desportistas mas os mais bem comportados. Que apesar dos maus resultados nos jogos de preparação insista num discurso de arrogante desculpabilização.
Considero que o treinador tem um carisma “pimba” que extrai do povo português os mais básicos sentimentos nacionais. Que o leva, por exemplo, a acolher no estágio as duvidosas figuras da música ligeira - Tony Carreira e Roberto Leal - como se fossem símbolos de Portugal. As bandeirinhas, a alegria artificial e os ajuntamentos de populaça nos sítios por onde passa o autocarro de vidros fumados, são os efeitos primários desse populismo exacerbado em volta de uma equipa de futebol que devia representar o melhor do país.
Apesar de tudo isto estou disposto a admitir que Luiz Felipe Scolari é um bom chefe de família e um bom treinador de futebol. Escolheu quem quis para estar no Euro 2008, na Suiça e na Áustria; escolheu entre os melhores de muitos países; está num grupo relativamente fácil para chegar longe na competição; vai ter os estádios cheios de emigrantes a apoiar. Portanto, chegou a hora do tira-teimas em relação a Scolari. Esta, finalmente, é a selecção do técnico brasileiro. Agora não tem muletas nem desculpas. Vamos ver do que, afinal, é capaz.
Só lhe desejo que seja campeão, mas não consigo acreditar…

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